sábado, 9 de abril de 2011

Uma lei que proíbe o uso do véu islâmico em espaços públicos entra em vigor nesta segunda-feira (11), na França.


Uma lei que proíbe o uso do véu islâmico em espaços públicos entra em vigor nesta segunda-feira (11), na França. É o primeiro país europeu a aplicar tal medida, ainda que a vestimenta seja usada por apenas cerca de 2.000 mulheres, segundo dados oficiais da maior comunidade muçulmana do continente.
O grupo de ativistas muçulmanos Coletivo da Unidade Tawhid anunciou sua intenção de protestar contra essa lei neste sábado (9) em Paris, mas a prefeitura da capital proibiu o ato nesta sexta-feira (8), pelas “ameaças de distúrbios” que poderia causar.

Segundo a prefeitura, “de 100 a 200 pessoas” iriam participar dessa concentração.
A medida proíbe o uso da burca ou do niqab em transportes públicos, escolas, tribunais, hospitais, prédios públicos e mesmo na rua. A lei foi aprovada pelo Parlamento francês em setembro de 2010, apoiada pelo partido governista de direita UMP (União para um Movimento Popular).

A burca ou o niqab são dois tipos de véu que cobrem o corpo da cabeça aos pés e têm uma abertura na altura dos olhos ou uma rede para permitir a visão.
“Ninguém pode, nos espaços públicos, usar uma vestimenta que oculte seu rosto”, afirma uma campanha de informação lançada pelo governo sob o slogan “na república vive-se de rosto descoberto”.

Quem descumprir a lei estará sujeito a uma multa de R$ 341,66 (o equivalente a 150 euros). O homem que obrigar sua parceira ou esposa a usar o véu poderá ser condenado a um ano de prisão e a R$ 68 mil (ou 30.000 euros) de multa.
Na França, onde há em torno de 6 milhões de muçulmanos, muitos se perguntam como a lei poderá ser cumprida, particularmente nos subúrbios com forte presença de fiéis dessa religião.

Autoridades francesas criticam muçulmanos do país
Desde que assumiu o cargo no fim de fevereiro, o ministro do Interior, Claude Gueant, fez várias declarações contra os muçulmanos e a imigração no país. Ele afirma que “o número crescente de fiéis dessa religião e uma série de comportamentos representam problemas”, e enviou uma circular às delegacias de polícia do país com as regras de aplicação para a nova lei.
- Se uma pessoa se negar a ser submetida a um controle, deverá saber das consequências, e se insistir, deverá ser levada à polícia para verificar sua identidade.

Há mais de dois anos, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, que continua com baixos níveis de popularidade, insiste em retomar os temas prediletos da Frente Nacional (FN, partido de extrema direita). Ele tenta agradar eleitores para se proteger do avanço desse partido, que inclusive poderá deixá-lo de fora do segundo turno das eleições presidenciais de 2012, segundo várias pesquisas de opinião divulgadas no país.

A proibição do véu islâmico integral ocorre depois de um fracassado debate sobre a identidade nacional francesa, impulsionado por Sarkozy, que nas últimas semanas defendeu outro debate sem êxito sobre o estado laico. Em fevereiro, Sarkozy chegou a afirmar que muçulmanos que não se adaptassem aos costumes das comunidades francesas não são bem-vindos no país.

- Se vêm para a França, aceitam unir-se em uma só comunidade, que é a comunidade nacional. E se não quiserem aceitar, não podem ser bem-vindos na França.
A França não estará sozinha na proibição do véu islâmico. Suíça, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Itália, Espanha e Alemanha estudam proibições da indumentária muçulmana.

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