sexta-feira, 1 de abril de 2011

'Bolsonaro tomou noção da encrenca que arranjou', diz deputado do PT Leonardo Guedes

'Bolsonaro tomou noção da encrenca que arranjou', diz deputado do PT
Leonardo Guedes | Nacional | 01/04/2011 13h44
"Ele tomou a noção da encrenca que arranjou". A avaliação é do deputado federal Edson Santos (PT-RJ), ouvido pelo SRZD nesta sexta-feira a respeito da polêmica envolvendo o tema racismo, com o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) como protagonista. Na opinião do parlamentar petista, que tem histórico de luta no movimento pela garantia dos direitos dos negros (foi ministro da Igualdade Racial), Bolsonaro está fazendo uma manobra para evitar a cassação de seu mandato por quebra de decoro parlamentar.

"É preciso dar um paradeiro nisso", resume o deputado. "O racismo é citado como crime na Constituição Federal, algo passível de prisão. Mas a homofobia (aversão aos homossexuais), infelizmente, ainda não está, apesar dos projetos de lei. Então, ele quer desviar a questão para a homofobia", completa, se referindo a entrevista concedida por Jair Bolsonaro ao programa "CQC", da "Rede Bandeirantes", na qual afirmava "não correr risco" de ter um filho namorando uma mulher negra.

Questionado porque há tanta dificuldade em punir o parlamentar do PP por suas declarações tidas como preconceituosas, Edson Santos diz que há falta de vontade política para tal, mas frisa que desta vez até deputados da base oposicionista manifestaram repúdio ao fato: "Tivemos declarações dos partidos, inclusive do deputado ACM Neto (DEM-BA)".

O petista observa ainda que as afirmações constantes de Jair Bolsonaro refletem que o racismo e o preconceito contra gays ainda estão presentes na sociedade brasileira: "Não acredito que o deputado tenha sido eleito com esse tipo de plataforma. Ele tem sim um eleitorado conservador, de direita, mas certas questões não são explícitas nestes momentos".

Perguntado se durante toda sua trajetória política não percebeu melhoras, o ex-ministro lembrou do Estatuto da Igualdade Racial (promulgado no fim do Governo Lula) e na proposta que prevê cadeia para quem discriminar homossexuais, mas destaca que as mudanças ainda não são visíveis no dia a dia, pois ainda há funcionários negros recebendo um salário menor que brancos no mercado de trabalho e gays preteridos em promoções por sua orientação sexual.

O deputado federal Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP-RJ), foram procurados pela reportagem do SRZD para comentarem o assunto, mas não foram localizados até o fechamento da nota.

Nenhum comentário:

Postar um comentário